Tendinopatia do Aquiles

Também conhecida como tendinite do Aquiles, doença do tendão calcâneo, tendinose do calcâneo e aquilodínea, o termo foi substituído visando maior compreensão e comunicação sobre a doença.

A razão para isso e a percepção de que a tendinopatia do Aquiles não é simplesmente uma “inflamação do tendão”. É tida como algo mais complexo, caracterizado por degenerações intratendíneas secundarias a quadros inflamatórios de baixo grau e pobre cicatrização biológica.

Esse quadro é geralmente progressivo quando não tratado, com aumento da destruição do tendão e da sua incapacidade de se regenerar.

O tendão doente, mal cicatrizado, não tem a mesma capacidade de suportar o peso e as exigências do dia a dia ou de uma atividade física, podendo se romper facilmente após um esforço de baixa intensidade.

O Aquiles, ou tendão calcâneo, é o mais forte e espesso do corpo humano, mas também é o mais comum a se romper.

A doença tem predileção por atletas sujeitos a carga repetitiva e saltos, como corredores, saltadores, atletas de futebol, basquete, handebol e bailarinos. Pode estar relacionada a erros de treinamento, tipo de calçados, deformidades dos pés e tornozelos assim como ocorrência de doenças sistêmicas e o envelhecimento natural dos tecidos do organismo.

Com o objetivo de melhor entender e tratar essa doença, dividimos a mesma em tendinopatia insercional e tendinopatia não-insercional do Aquiles.

A primeira acomete o local de transição do tendão com o osso calcâneo. Pode estar relacionada com a bursite calcaneana, o entesofito de tração (“esporão superior”) e doença de Haglund (uma formação óssea na região póstero-superior do osso calcâneo).

A segunda, acomete a região do corpo (substancia) do tendão de Aquiles. Esta distante cerca de 2 a 6cm de sua inserção, justamente em um ponto onde a vascularização para o tendão é menor e onde as fibras to tendão apresentam rotação de 90 graus.

Pacientes que apresentam essa doença comumente tem dor no tendão (corpo ou inserção), aumento de volume no local e possivelmente nódulos e defeitos palpáveis.

O diagnostico realizado pelo médico é clínico, ou seja, baseado na historia e exame físico, sendo exames subsidiários como o ultrassom ou a ressonância magnética, utilizados para confirmação e acompanhamento.

Constatada a degeneração do tendão, prontamente deve ser iniciada a reabilitação do mesmo. Isso e realizado através da diminuição da dor do paciente e da fisioterapia motora, dirigida ao tipo de tendinopatia e ao perfil de cada paciente.

A constatação da falha do tratamento conservador indica o procedimento cirúrgico que tem como objetivo ressecar o tecido doente e estimular a cicatrização do tecido sadio remanescente. A utilização de transferências de outros tendões pode se fazer necessária de acordo com a quantidade de tendão degenerado que for retirado.

O não tratamento adequado da patologia pode culminar na rotura completa do tendão ou na sua desinserção, piorando seu prognóstico e afastando atletas da prática esportiva por longos períodos

 

Nacime Salomao Barbachan Mansur

Fernando Cepollina Raduan

 

Grupo de Medicina e Cirurgia do Pe e Tornozelo

Centro de Traumato-ortopedia do Esporte