Hálux Rígido

A doença que determinamos por hálux rígidus é também encontrada na literatura com o nome de hálux flexus, hálux rígidus ou bunion dorsal. Atualmente é entendida como um conjunto de afecções que acometem a articulação metatarsofalangeana do Hálux (Grande dedo).

Na procura de uma compreensão melhor sobre a causa da doença, as pesquisas acabaram se direcionando para o conceito da teoria da hiperpressão da cabeça metatarsiana pela falange proximal. Sabe-se que isso pode ocorrer por conta do formato desses ossos, da utilização de calçados apertados, da degeneração natural da cartilagem por conta da idade, do déficit de alongamento da musculatura posterior e por fim (e com menor frequência), secundariamente a uma lesão condral (cartilagínea), fratura ou lesão ligamentar do grande dedo (Turf Toe, por exemplo).

Qualquer um desses fatores acima gera uma alteração na cinemática do movimento articular, causando sobrecarga em algumas regiões da cabeça do metatarso e iniciando um quadro de degeneração articular. Esse desgaste gera um ciclo vicioso entre corrosão da cartilagem, alteração da biomecânica local e mais dano articular.

O paciente inicia um quadro doloroso de baixo grau no dorso da articulação metatarsofalangeana do hálux que pode aumentar progressiva e lentamente de acordo com a evolução da enfermidade. Essa dor pode levar a uma postura de proteção do dedo durante a marcha fazendo com que o doente “supine” (gire externamente) o antepé na saída do solo. Isso gera uma queixa de metatarsalgia (dor na planta do antepé) de transferência pela sobrecarga dos metatarsos menores. Com o avançar do Hálux Rígido, o paciente passa a perder mobilidade do dedo.

O diagnóstico é realizado com uma boa anamnese e um exame físico adequado. Radiografias com carga (pisando no chão) são essenciais para o estadiamento da doença e identificação de condições e deformidades associadas. Outros exames como a Ressonância Magnética, a Tomografia e o Ultrassom não são mandatórios, sendo utilizados apenas na exclusão de outras possíveis patologias no local e no diagnóstico de lesões associadas (lesão condral aguda, por exemplo).

O tratamento desses pacientes compreende inicialmente um programa de reabilitação funcional para ganho de alongamento e mobilidade articular, fortalecimento da musculatura e treino de marcha. A utilização de palmilhas e calçados com solado rígidos tem boa indicação na abordagem dos sintomas dolorosos do doente, pois diminui a mobilidade e a transferência de peso para o hálux.

Na falha do tratamento conservador, no avanço da doença e em alguns casos selecionados a cirurgia tem papel fundamental. Dependendo de achados associados à doença, do grau de degeneração da articulação e do perfil do paciente, algumas técnicas cirúrgicas podem ser utilizadas. Das mais clássicas, a Queilectomia (ressecção de parte da cabeça do metatarso) e a Artrodese do Hálux (fusão do metatarso e da falange) são as que encontram melhores resultados na literatura médica. Pesquisas tem chamado atenção para novos procedimentos que buscam a preservação da articulação.